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Memórias 2015 3/3



Esse foi o primeiro trabalho, um convite de casamento de meu amigo João. Inicialmente tinha sido rejeitado por um estúdio de impressão daqui da cidade. Me enrolaram por mais de um mês, e não fizeram nada. O que me deu mais ganas pra “quer-saber?!-eu-mesmo-vou-fazer”. Comprei uma prensa caseira de gravura, botei encima de um gaveteiro, preparei a tinta num vidro de cortar legumes aqui de casa. Foi um desespero acertar alguma impressão, levei três noites tentando (tinha ainda um trabalho fixo normal) e ao sair a primeira impressão certa, me emocionei. Estava cheio de “kuyashii”, uma palavra japonesa, que exprime uma luta para mostrar aos outros que estão errados a seu respeito.

Foi ótimo agir assim. O trabalho saiu, e me desafiei em fazer uma impressão tecnicamente difícil.


Com mais trabalhos, percebi que propagava a sensação ácida do kuyashii para continuar a trabalhar. E na falta de uma energia antagônica que me empurrasse, comecei a trabalhar em jejum. Não comia nada a não ser que terminasse.


Não foi sozinho que reparei nisso - foi em uma terapia artística e desde então, esforcei-me a abrandar meu processo. Decidi fazer por carinho, clichê dizer? mas fazer por amor mesmo. Amor ao fazer, ao material, ao respeito e consideração que tenho pelo trabalho em si, e pelo outro lado: aos clientes que apareciam.

Tive encontros e conversas abundantes, conheci pessoas que estão num caminho similar, de fazer bem feito, artífices.


E esse ciclo continua.


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